Disponibilidade Hídrica nas Bacias PCJ durante a estiagem diminui de 408 para 298,79 m³ por habitante ano

Data: 24/04/2015
Fonte: Consórcio PCJ
Segundo Consórcio PCJ, disponibilidade na Grande São Paulo é ainda pior com menos de 50m³ habitante/ano. Saída é aproveitamento de água reservada por Piscinões na capital.

O Consórcio PCJ atualizou estudo sobre a disponibilidade hídrica nas Bacias PCJ realizado em 1996 pelo Professor da PUC-Campinas e técnico da SANASA, Armando Gallo, em que se constatou redução de 408 para 298,79 m³ por habitante/ano, durante o período de estiagem. A redução para a Grande São Paulo foi ainda maior, de 208 para 49,62 m³.

A título de comparação, o Oriente Médio, caracterizado por regiões desérticas, no estudo de Gallo possuía naquela época disponibilidade hídrica de 450 m³ por habitante/ano. Hoje, segundo dados do “Relatório 2015 das Nações Unidas para Desenvolvimento Hídrico”, a região possui 292 m³ por habitante/ano. As Bacias PCJ e do Alto Tietê, onde está a Grande São Paulo, seguem tendo comportamento de bacias hidrográficas com alto estresse hídrico. Ainda segundo a ONU, enquadram-se nessa condição regiões com menos de 1000 m³ por habitante/ano.

A redução das disponibilidades só não foi ainda pior porque o consumo de água nas Bacias PCJ caiu 47% em relação ao levantamento de 1996. “Mesmo com o aumento populacional verificado no período, no qual a região passou de 3,8 para 5,2 milhões de habitantes, a redução da demanda no setor industrial e agrícola propiciou que a situação hídrica atual não fosse ainda mais grave”, explica a gerente técnica do Consórcio PCJ, Andréa Borges.

Na atualização do estudo feito pelo Consórcio PCJ, a demanda industrial reduziu 55%, passando de 16,72 para 7,55 m³/s, enquanto a demanda para irrigação caiu 66%, passando de 5,47 para 1,87 m³/s. Devido ao crescimento de 37% da população entre os anos de 1996 e 2014, a demanda no abastecimento público cresceu 47%, passando de 8,46 para 12,46 m³/s. Os dados atuais das demandas foram balizados pelo Relatório de Situação 2014, divulgado pela Agência de Água PCJ.

Segundo o secretário executivo do Consórcio PCJ, Francisco Lahóz, a redução das demandas nos setores industrial e rural se deve em parte à consolidação do sistema de gerenciamento dos recursos hídricos e a implantação da cobrança pelo uso da água. “A implantação da cobrança pelo uso da água criou e consolidou uma nova cultura de trato com água, gerando a conscientização de valor da água e que ela é um bem finito”, comenta.

A atualização da disponibilidade hídrica das Bacias PCJ tornam ainda mais evidente a necessidade de se agilizar a construção dos reservatórios nas cidades de Amparo e Pedreira, que incrementarão as vazões na região de no mínimo 7 m³/s, além do reservatório em Salto, que atenderá a ampliação do aeroporto de Viracopos. Igualmente, medidas de incentivo financeiro e desburocratização na construção de reservatórios municipais se mostram urgentes, em paralelo com ações de combate às perdas hídricas e educação ambiental, conforme o Consórcio PCJ tem orientado aos municípios e empresas.

Com disponibilidade hídrica grave, “piscinões” na Grande São Paulo se torna mais uma alternativa

A atualização do estudo sobre a disponibilidade hídrica, realizada pelo Consórcio PCJ, mostrou dados preocupantes para a Grande São Paulo, que possui menos de 50 m³ por habitante/ano. A disponibilidade hídrica baixa revela-se mais estressante durante períodos de estiagens severas, como a que todo o sudeste do Brasil está passando desde o final de 2013, e fez com que os reservatórios do Sistema Cantareira baixassem a níveis nunca antes registrados, alcançando o volume chamado de Reserva Técnica.

O Consórcio PCJ tem pensado em alternativas para ampliar a disponibilidade hídrica da Bacia do Alto Tietê, onde está a Grande São Paulo, como forma de reduzir a dependência das nascentes das Bacias PCJ, por meio do Sistema Cantareira.

Uma das alternativas apresentadas pela entidade é o estudo sobre o uso de “piscinões”, empregados para reter ondas de pico em enchentes, para bombear a água retida nos mesmos para os reservatórios da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), como Billings e Guarapiranga, através de tubulações que poderão ser acopladas às margens dos córregos e rios que cortam a RMSP.

Atualmente, a região conta com 51 piscinões em operação e três em construção, e água reservada por eles após a onda de pico das enchentes é descarregada nos rios da região, sem aproveitamento da mesma para abastecimento.

Segundo o Departamento de Água e Energia Elétrica (DAEE), o Governo de São Paulo anunciou a publicação, em março de 2013, do edital de licitação pública para a PPP (Parceria Público-Privada) para 45 piscinões na RMSP. Essa é a primeira PPP na área de combate a enchentes. Terá um prazo de vigência de 20 anos e fará a implantação e a construção de sete novos reservatórios. Com os novos piscinões a capacidade de armazenar água na Grande São Paulo passará de 5 para 9,5 milhões de metros cúbicos.

De acordo com o estudo do Consórcio PCJ, num calculo aproximado, tendo como base o consumo médio de 200 litros por habitante/dia, essa capacidade total de armazenamento de água dos piscinões, pode abastecer por um dia 47,5 milhões de pessoas ou uma cidade com mais de 1 milhão de habitantes como Campinas (SP), por aproximadamente 44 dias.

O estudo ainda atenta para caso não seja possível o bombeamento das águas dos piscinões para os reservatórios ao entorno da Grande São Paulo, o estudo do Consórcio PCJ assinala como alternativa a instalação de estações de tratamento de água compactas para atender os bairros ao redor dos piscinões.

Segundo o secretário executivo do Consórcio PCJ, toda água possível de reservação deve ser armazenada. “É essencial que toda esta água não se perca a jusante, ou seja, tem que ser reaproveitada, ou em estações compactas de tratamento de água, ou transportada até reservatórios a montante, ampliando-se a oferta hídrica da RMSP e minimizando os problemas de escassez”, assinala.

O estudo, intitulado “Utilização das Águas Captadas e Armazenadas em Piscinões para o Abastecimento de Reservatórios Existentes na RMSP”, conclui que toda água precipitada na RMSP seja armazenada e reutilizada, aumentando-se assim a disponibilidade hídrica da região, tendo em vista, quehaverá aumento dos riscos de enchentes, inundações e de deslizamentos de terra na região metropolitana de São Paulo, devido à ocorrência cada vez mais frequente de eventos climáticos extremos. Já nas regiões norte, central e leste do estado, além de mudanças no regime de chuvas, as secas também serão mais prolongadas.


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